Um dos debates mais ouvidos nas últimas semanas no mercado agrícola é sobre a disponibilidade de fertilizantes no mundo e como a agricultura brasileira pode ser impactada. O Brasil é o 4° maior consumidor de adubos do mundo, sendo o maior importador, mas produzindo apenas 2% de todos os fertilizantes usados no planeta. Os mais comuns são derivados de rochas ou mesmo do petróleo e são fundamentais para uma produção adequada.

Os solos brasileiros (e de outros países no mundo) são naturalmente pouco férteis. Por condições naturais e com os seguidos anos de plantio e tratos agrícolas, os solos são levados à exaustão, se não complementados com adubos, para que as plantas possam se desenvolver de forma sadia e atender a demanda de alimentos das populações.

Adubação é como usar remédios: pouca quantidade não faz o efeito necessário e um grande volume pode fazer até mal para as plantas, que usam os componentes químicos nos adubos, principalmente calcário, nitrogênio, fósforo e potássio. Cada um desses elementos ou substância tem uma função na planta ou no solo, desde regulação do pH, até desenvolvimento de raízes, folhas, floração, fabricação de proteínas e outras funções básicas na vida das plantas. Entretanto, o seu uso excessivo acaba causando problemas ambientais, como a contribuição para as mudanças climáticas, a alteração de características químicas de córregos de água e até mesmo impactando na mineração dos elementos não renováveis para a produção dos insumos.

Diante desse cenário, conheça 4 alternativas para a adubação de lavouras e hortas e que podem substituir os adubos comerciais, mas com menor impacto ambiental:

1. Pó de rocha - o material é rico em cálcio, magnésio e, principalmente, em potássio. O produto aplicado no campo vem de pedreiras de basalto, granito e micaxisto. São rochas chamadas de silicáticas, facilmente encontradas no Brasil. E a sua produção se dá pela moagem de pedras usadas na fabricação de britas. Pode ser uma alternativa a alguns tipos de adubo.
2. Adubação verde - técnica agrícola que consiste na cobertura do solo por plantas de rápido crescimento (preferencialmente gramíneas ou leguminosas), que fazem a ciclagem de nutrientes e conseguem fixar nitrogênio do ar no solo. Após o crescimento, a cobertura verde é cortada e incorporada ao solo para que os seus nutrientes sirvam de adubo para a cultura a ser plantada.
3. Esterco - usa-se o esterco curtido (fezes de galinhas, vacas ou porcos) para fazer a adubação orgânica de pequenas e médias culturas. Produto rico em nitrogênio, pode ser incorporado ao solo e é uma alternativa muito viável para pequenas propriedades e uma matéria-prima facilmente encontrada.
4. Lodo de estação de tratamento de efluentes - o lodo que sobra do tratamento de esgoto é um material rico em componentes orgânicos, dentre eles a amônia, que é fonte de nitrogênio. Após passar pelo processo de desidratação, o lodo pode ser aplicado como biofertilizante em culturas de pequenas hortaliças e produção de flores, sendo inclusive uma técnica indicada pela OMS para destinação de efluentes e aumento da produção agrícola.

Cada uma das alternativas apresentadas consegue suprir um ou dois elementos combinados. O recomendado é que se use alternativas de modo consorciado ou mesmo junto a adubos de origem mineral, que podem ter sua quantidade reduzida. Temos espaço para pesquisas científicas e de campo para buscar fontes sustentáveis para as produções agrícolas. Expandir essas soluções para grande escala comercial é o maior desafio, mas que se apresenta como uma alternativa para a dependência de adubos de fontes não renováveis.

https://revistagloborural.globo.com/Noticias/Sustentabilidade/noticia/2021/04/lodo-de-esgoto-sanitario-e-transformado-em-adubo-organico-para-hortas-e-jardins.html

https://www.capitalreset.com/crise-dos-fertilizantes-e-chance-para-brasil-acelerar-agro-sustentavel/

https://exame.com/brasil/embrapa-busca-formas-de-reduzir-necessidade-de-importacao-de-fertilizantes/

https://agencia.fapesp.br/ciencia-pode-ajudar-a-reduzir-impacto-de-fertilizantes-nitrogenados-no-meio-ambiente/23052/