Alterações no volume das chuvas, secas, racionamentos de água, reduções na produção de energia e baixas produções agrícolas são cenários os quais nos atingem com maior frequência com o passar dos anos. É inegável que, atualmente, a regularidade das chuvas já não é a mesma de décadas atrás. Por conta das mudanças climáticas, o nosso padrão de vida é afetado, seja no aumento do preço dos alimentos ou no racionamento de energia ou de água.

Nesses momentos, a única coisa que pode ser feita é olhar para o céu e torcer para que venha chuva. Chuva essa que, se vier na quantidade certa, beneficia todo um ecossistema natural e humano. Entretanto, agora o problema está indo além: até mesmo as chuvas podem estar contaminadas, não sendo mais potáveis em nenhum canto do mundo.

Pesquisas divulgadas em 2022, conduzidas por pesquisadores da Universidade de Estocolmo, demonstraram que amostras de chuva coletadas em todos os cantos do planeta, ao longo de 10 anos, apresentavam contaminação por produtos químicos sintéticos. Dentre esses, encontraram-se, principalmente, os PFAs, conhecidos por serem produtos químicos eternos, pois permanecem vários anos no meio ambiente.

O que são PFAs?

• Os PFAs são substâncias sintéticas, conhecidas principalmente pelos poli e perfluoralquil (PFAS), que são usados em produtos como panelas antiaderentes, espuma de combate a incêndio e roupas impermeáveis. As pesquisas realizadas revelaram índices muito acima do limite tolerável indicado para a saúde humana. Essas substâncias à base de flúor estão em todas as casas do planeta e é quase impossível passar um único dia sem ter contato com elas, pois estão presentes em produtos de uso cotidiano como embalagens de alimentos, capas de chuva, adesivos, papel e tintas.

Pesquisas tentam relacionar os riscos à saúde pela exposição prolongada aos PFAs, e níveis elevados desses contaminantes químicos parecem estar associados ao desenvolvimento de câncer, problemas de fertilidade ou atraso no desenvolvimento de crianças. Apesar de serem produtos conhecidos há mais de 70 anos, ainda é recente a associação desses compostos com doenças. Uma das maiores dificuldades é entender o efeito isolado da exposição aos PFAs ao desenvolvimento de patologias, principalmente porque a contaminação parece estar presente em todos os lugares: na água, no solo e até na chuva.

Uma das maiores preocupações é que tais substâncias não se degradam no meio ambiente e seus riscos ainda não estão bem claros, seja em humanos, animais ou plantas. Já vimos na história grandes acordos internacionais que baniram o uso de produtos perigosos como o Protocolo de Montreal, o qual baniu o uso dos CFCs, e o Acordo de Paris que articula os países para limitar o aquecimento global. Mais pesquisas serão necessárias para estabelecermos quais as consequências da exposição prolongada a esses produtos químicos e saber se um simples banho de chuva ainda é seguro.