Talvez o termo “corredor ecológico” não seja de conhecimento comum, mas já o associamos a uma série de conceitos, como áreas de preservação permanente, reservas legais, unidades de conservação e outras relacionadas à ecologia. Entretanto, todas estão interligadas quando falamos de conservação da natureza.

Um estudo realizado no início dos anos 2000 e publicado na revista Nature, mostrou que havia uma enorme lacuna entre as áreas de conservação ambiental do mundo todo. As áreas de preservação estavam isoladas, impedindo a continuidade de espécies de animais e plantas.

Existe uma solução para esse tipo de problema: os corredores ecológicos ou de biodiversidade. Os termos tratam de áreas que unem fragmentos florestais ou unidades de conservação, como por exemplo estradas, agricultura, exploração madeireira, separados pela perturbação humana.

O objetivo dos corredores é permitir que os animais se movimentem livremente, assim espalhando sementes e aumentando a cobertura vegetal. Essa iniciativa é responsável por diminuir os efeitos da fragmentação de ecossistemas, promovendo conexões entre diferentes regiões e permitindo o fluxo gênico entre espécies vegetais e animais. Esse trânsito permite a recolonização de áreas degradadas, movimento que concilia de imediato a conservação da biodiversidade e o desenvolvimento ambiental da área.

No Brasil, o bioma que mais sofre com a fragmentação florestal é a mata atlântica. Ao longo de sua ocorrência em 17 estados diferentes, a maior parte dos fragmentos restantes possuem menos de 100 hectares e são descontinuados. Em casos como esses, é fundamental a elaboração de estratégias de conexão desses fragmentos a reservas maiores.

Somente no estado de São Paulo, são mais de 3.5 milhões de hectares de vegetação remanescente, mas a grande maioria se encontra fragmentada. Apenas 760 mil hectares estão em unidades de conservação e estão na mão de proprietários particulares. Nesses casos, é recomendável que esses fragmentos sejam direcionados para a Reserva Legal da propriedade.

A reserva legal trata-se de áreas protegidas, de acordo com regulamentação federal, e são locais de conservação de vegetação nativa dentro da propriedade rural privada e são regulamentadas na Lei Florestal nº 12.651 de 2012. Na Mata Atlântica, 20% da área da propriedade rural é obrigada por lei a ser coberta por vegetação nativa.

É fortemente recomendável que a reserva legal das propriedades seja direcionada para a interligação desses fragmentos florestais, favorecendo a restauração da mata ciliar, que é o principal corredor ecológico utilizado pelos animais. Os governos devem fomentar junto a órgãos técnicos e de pesquisa os critérios usados para determinar quais áreas devem ser usadas prioritariamente para a criação de corredores ecológicos e abrigo da biodiversidade.

https://agencia.fapesp.br/totalmente-desprotegidos/1646/

https://oeco.org.br/dicionario-ambiental/28538-o-que-sao-corredores-ecologicos/

http://www.ibama.gov.br/sophia/cnia/livros/corredoresecologicosdigital.pdf

https://revistapesquisa.fapesp.br/com-forca-de-lei/