Frio extremo e aquecimento global: qual a sua relação?
05 / 08 / 2021 Fique por DentroNos últimos dias, as temperaturas no Sul e Sudeste do Brasil bateram recordes históricos. Nas serras do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, os termômetros chegaram perto de -10°C com sensação térmica de quase -25°C, inclusive com fortes nevascas em várias cidades dos dois estados. Até mesmo estados do Centro Oeste registraram temperaturas mais baixas que o usual para a época do ano.
Frio, neve e geada são fatos comuns nos invernos do Sul do Brasil. Mas como isso pode estar relacionado com o aumento de temperatura do planeta?
Em primeiro momento, a relação entre frios extremos no inverno e aquecimento global pode parecer um contrassenso. Porém se engana quem pensa que os efeitos do aquecimento global estão ligados estritamente ao aumento de temperaturas globais.
O continente sul-americano tem trocas frequentes de calor e frio com a Antártica ao longo do ano todo: nosso continente envia ar quente e o continente antártico devolve com ar gelado (massas de ar polar). Essas trocas ocorrem em sentido horário, mas o aumento da temperatura local no Brasil e demais países pode atrapalhar essa regularidade. Com exceção desse ano, todos os anos anteriores estavam com períodos extremamente quentes e esse desequilíbrio térmico, provoca uma maior frequência de ondas de frio: se enviamos mais calor para a Antártica, ela devolve com mais frio.
Dois dias antes do frio chegar ao Brasil, cidades como Porto Alegre registravam agradáveis 30°C em um domingo de julho. É fácil associar o aquecimento do planeta quando vemos ondas de calor, tempestades e temporais, mas ondas de frio também podem ser associadas, pois viveremos cada vez mais os chamados extremos climáticos: muito calor, ondas de frio extremos, temporais e secas prolongadas.
Estamos passando por dias e semanas muito frios no Brasil, mas isso não desmente o aquecimento global, de forma geral, a temperatura está mais quente em vários lugares no mundo e a estimativa é que a Terra tenha esquentado em torno de 1,2°C desde a era pré-industrial.
Caminhamos para grandes períodos com temperaturas elevadas e escassez de chuvas. E eventos climáticos adversos tendem a ser cada vez mais comuns no Sul e Sudeste brasileiro. Mesmo que os países consigam colocar em prática o Acordo de Paris, que limita em 1,5°C o aumento da temperatura, seguiremos tendo – ao menos por enquanto – períodos de frio extremo por aqui.
https://invest.exame.com/esg/frio-brasil-entenda
https://super.abril.com.br/ciencia/o-que-a-neve-no-sul-do-brasil-tem-a-ver-com-o-aquecimento-global/
https://metsul.com/ondas-de-frio-nao-contradizem-aquecimento-global/