Uma das atividades mais corriqueiras da vida humana moderna é a geração de resíduos. Ato esse que já se tornou um hábito no cotidiano das pessoas; muitas vezes, produzimos lixo após uma refeição, após uma limpeza, após um dia de trabalho ou mesmo assistindo uma aula.

Depois de seu uso, existem duas possibilidades: 

1. Descartamos os resíduos na lixeira corretamente, deixamos para a coleta seletiva, o caminhão coleta os resíduos, os leva para a central de triagem, os materiais recicláveis são selecionados e os rejeitos são encaminhados ao aterro sanitário.
2. Descartamos os resíduos na lixeira comum, misturando orgânicos e recicláveis, deixamos para a coleta domiciliar, o caminhão coleta os resíduos e esse material é destinado diretamente ao aterro sanitário.

Será o fim da vida para esse material que não pode nem mesmo ser reciclado?

Não! Há sobrevida para o lixo que foi para o aterro: gerar energia elétrica através do biogás.

Ainda em estágio inicial, essa tecnologia para geração de energia está se consolidando no país, embora seja um método muito utilizado em países da Europa.

Todo o resíduo orgânico quando é aterrado, se decompõe e libera gases. Um dos principais e mais nocivos ao meio ambiente é o metano (CH4), o qual representa 25 vezes mais perigo para as mudanças climáticas. Na maioria dos aterros sanitários, esse gás é capturado e queimado para evitar um dano ambiental maior.

Como ocorre a geração de energia elétrica nos aterros?

1. O resíduo coletado nas cidades é encaminhado a aterros sanitários, compactado e aterrado.
2. O gás metano, gerado pela decomposição do lixo, é coletado por um sistema de dutos e direcionado para uma central. O tempo de geração do gás e decomposição dos resíduos pode variar de meses a anos.
3. O gás metano passa por um processo de filtragem para retirada de impurezas.
4. Após ser limpo, o metano é refrigerado e comprimido.
5. O metano é queimado em motogeradores, que geram energia e enviam para um transformador e posteriormente é lançado na rede ou usado no local de geração.

O gás metano é originado da decomposição dos resíduos orgânicos gerados nas cidades, mas essa alternativa está longe de ser a solução para a crise energética que estamos passando em nosso país, com o acionamento de termelétricas e pagamento de taxas vermelhas em contas de energia. Atualmente, menos de 1% de toda a energia do Brasil é de origem orgânica, que inclui bagaços de cana de açúcar e celulose, além de resíduos. Há um enorme potencial na exploração dessa tecnologia, já que cada um de nós gera mais de 0,5 kg de resíduos orgânicos por dia.

Mais do que uma alternativa de geração de renda e energia aos aterros sanitários, o aproveitamento do metano para a produção de energia aumenta o tempo de vida dos aterros e evita o lançamento de um gás com alto potencial de aquecimento global na atmosfera. Talvez em pouco tempo, possamos passar por crises hídricas sem depender de termelétricas, apenas usando nossos aterros sanitários, que são estoques de energia enterrados. 

Novas tecnologias precisam ser incentivadas, evitando danos ambientais, trazendo ganhos energéticos e diversificando a matriz energética do Brasil.

https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2020-06/entidades-articulam-maior-geracao-de-energia-partir-de-residuos

https://www.canalbioenergia.com.br/geracao-de-energia-a-partir-dos-aterros-sanitarios-e-prevista-no-pde-2030/

https://cetesb.sp.gov.br/biogas/2017/09/07/energia-a-partir-do-lixo-eleva-potencial-eletrico-mas-nao-descarta-hidreleticas/

https://www.scielo.br/j/rbepop/a/rJhdgmRnnkM3LgDXPSSQNWQ/abstract/?lang=pt