Pense no seu dia a dia, quanto alimento você consome, quanto resíduo gera, quanta área é necessária para suprir todas as necessidades básicas como alimentação, saúde, segurança, entretenimento e trabalho. Isso tudo causa impacto ambiental, como o consumo de recursos naturais, lançamento de gases de efeito estufa, demanda por água e terras.

Há décadas vivemos no saldo negativo com o planeta Terra, ou seja, consumimos mais recursos naturais do que o planeta é capaz de repor em um ano. Há um cálculo feito anualmente, chamado “Dia da Sobrecarga da Terra”, que nos diz exatamente quando passamos da capacidade de renovação. Em 2021 isso ocorreu em 29 de julho, isso significa que precisaríamos de quase 2 planetas para suprir a demanda de toda a população.

Não é de hoje que essa preocupação intriga cientistas e comunidades no geral. Desde a década de 1960, cientistas discutem quais seriam os limites para o crescimento da população da Terra, quando o planeta iria saturar ou mesmo o número de habitantes capazes de viver no mesmo local. Em 1972, foi lançado o livro “Os Limites do Crescimento”, publicação que trazia a reflexão de que, mantidos os padrões de consumo e aumento de demanda por recursos naturais, o limite do planeta aconteceria em 100 anos.

Hoje sabemos que a conta não é tão simples e esse número pode ser mais distante ou mais próximo, mas temos ciência de que é necessário mudarmos alguns comportamentos para que todos tenhamos condições de viver de forma sustentável. Estimativas apontam que a Terra não comporta mais de 10 bilhões de pessoas com nosso estilo de vida (hoje já são quase 8 bilhões). A mudança mais latente trata sobre as emissões de carbono, cujo lançamento precisa ser zerado até 2050.

Mas, além disso, ainda temos outros limites que não podemos ultrapassar. Veja abaixo os 4 principais limiares que já passamos ou estamos muito perto de chegar.

1. Mudanças climáticas: o mais conhecido da humanidade. Todos os esforços da atualidade são direcionados para limitarmos às mudanças climáticas em até 2ºC até 2100, mas com uma recomendação muito forte de que o aquecimento seja no máximo de 1.5°C. Atualmente, já esquentamos a atmosfera em 1.1°C e vemos todo o caos climático envolvido com secas, falta de chuvas e ondas de calor.
2. Integridade da biosfera: a perda de biodiversidade, extinção de espécies animais e vegetais é outro dos limiares que já passamos. Cientistas consideram que estamos na sexta extinção em massa da história do planeta, evento semelhante ao ocorrido na extinção dos dinossauros. Corremos o risco de enfrentar mudanças ambientais irreversíveis, que podem impactar na perda de produtividade de alimentos (por falta de polinizadores), até mesmo novas epidemias transmitidas por animais (por falta de predadores).
3. Mudanças do uso do solo: tudo que envolve a conversão de terras para outros fins. Destruímos florestas, campos, banhados para o uso com urbanização, áreas para pecuária e agricultura. Essas mudanças, além de afetarem a biodiversidade, influenciam no clima, pois liberam grandes quantidades de carbono. O grande desafio é ampliar a produção de alimentos, sem aumentar a área usada pela agricultura e pecuária.
4. Fluxos bioquímicos: todos os processos utilizados para a fixação e uso de alguns elementos químicos, principalmente o fósforo e nitrogênio pelas plantas. Embora essenciais na agricultura, parte desses elementos se perde pelas chuvas ou por ciclos naturais e acaba chegando aos oceanos, onde a sua concentração se aproxima do limite ecológico tolerado.

Outras barreiras ainda estão próximas a serem atingidas ou preocupam pela sua delicada situação, como uso de água doce (cada vez mais escassa) e destruição da camada de ozônio por gases aerossóis. Notamos que tudo passa pela mudança de comportamento e principalmente pela cooperação internacional, como podemos ver na recuperação da camada de ozônio e agora em acordos climáticos. As próximas décadas serão essenciais para sabermos o que teremos: o limite do planeta terra ou o limite imposto pelo próprio ser humano.

https://www.ufjf.br/ladem/2018/10/05/a-humanidade-ja-ultrapassou-os-limites-da-resiliencia-do-planeta-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/

https://www.ecodebate.com.br/2018/10/03/a-humanidade-ja-ultrapassou-os-limites-da-resiliencia-do-planeta-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/

https://pagina22.com.br/2018/10/19/limites-do-crescimento-de-1973-terrivelmente-atual/

https://brasil.elpais.com/ciencia/2020-07-16/a-humanidade-nao-chegara-aos-10-bilhoes.html

https://www.bbc.com/portuguese/geral-59214427