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Bactérias comem plástico e podem ser uma alternativa no combate à poluição

11 / 01 / 2024 Fique por Dentro

Há pouco tempo falamos sobre o uso do plástico e formas de fabricação com fontes alternativas ao petróleo, mas esse ainda é um método em pequena escala e que não consegue eliminar o problema do plástico no meio ambiente e do resíduo que já foi descartado.

Somente em 2020, a produção global de plásticos atingiu a marca de 367 milhões de toneladas e atualmente, aproxima-se de 400 milhões de toneladas por ano. Uma grande parte desses resíduos plásticos é de embalagem de uso único, estima-se que 40% de todos os plásticos produzidos possuem uso de poucos minutos e já são descartados como canudos, sacolas e garrafas.

É tanto plástico produzido que muito do que é gerado vai parar no meio ambiente de forma inadequada, seja em lixões, descartes irregulares e mesmo em aterros sanitários. Conforme dados da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), apenas 9% do plástico produzido no mundo é reciclado e no Brasil os números são ainda mais baixos.

A ONU calcula que até 2050 teremos mais volume de plástico no mar do que peixes e animais marinhos. O caos é tão grande que partículas de plástico já foram encontradas em locais mais imprevisíveis do mundo como no alto do Monte Everest, no fundo da Fossa das Marianas (local mais profundo dos oceanos) e até mesmo na placenta e no leite materno.

O plástico é uma grande ameaça para a vida silvestre, marinha e terrestre, animais e plantas padecem desse mal. De acordo com estudos da UNESCO, todos os anos mais de 1 milhão de aves marinhas e mais de 100.000 mamíferos marinhos morrem diretamente pelo descarte incorreto de plásticos. 

A busca por uma solução para esse problema parece ser inglória, devido ao alto volume de resíduos produzidos e descartados. Há inclusive o chamado sétimo continente, no oceano Pacífico, um amontoado de plásticos de vários locais do mundo, carregados pelas correntes marítimas e com duas vezes o tamanho da França.

Entretanto, parece haver uma luz no fim do túnel, no ano de 2016 uma equipe de cientistas japoneses identificou uma espécie de bactéria marinha (Ideonella sakaiensis) capaz de digerir as garrafas PET. A bactéria, descoberta em meio a garrafas plásticas, água e lodo, é capaz de quebrar moléculas e digerir o plástico usando duas enzimas, a petase e metase. A cepa usa o carbono como fonte de energia e algumas espécies são capazes de quebrar o plástico e usar as longas cadeias de carbono como fonte principal de nutrientes.

Também há o relato de cientistas que descobriram duas espécies de bactérias dos gêneros Deinococcus e Hymenobacter capazes de se alimentar de substâncias liberadas pela quebra de sacos plásticos na Escandinávia. Diferente da descoberta japonesa, as espécies identificadas em água doce não quebram o plástico, mas se aproveitam do processo natural de quebra e degradação dos sacos plásticos para consumir as substâncias liberadas, muitas dessas substâncias são perigosas e tóxicas para o organismo humano quando em exposição constante.

Os resultados dos estudos demonstraram que as bactérias estudadas são capazes de consumir tanto o plástico como fonte de energia como aproveitar os compostos da degradação dos resíduos plásticos, mas ainda em escalas muito pequenas. Os estudos publicados também demonstram que a alta concentração de plásticos no ambiente pode ser um fator limitante para o crescimento das colônias de bactérias e na velocidade de degradação dos poluentes.
Apesar de resultados promissores, as descobertas ainda carecem de muito investimento e pesquisas para o desenvolvimento de tecnologias que possam usar a biodegradação do plástico por bactérias como uma alternativa viável no combate à poluição.

A gestão do resíduo plástico não se resume apenas à reciclagem ou biodegradação, o uso do plástico deve ser pensado antes mesmo de entrar no processo produtivo. Sempre que possível diminua o consumo do plástico, mesmo que seja descartado de forma correta, dificilmente será reciclado. É necessário um esforço coletivo na mentalidade em relação ao consumo de derivados de plástico, seu descarte e uso e isso envolve consumidores, população em geral, empresas, governos e entidades de pesquisa e ensino.

 

Referências:

https://www.publico.pt/2022/07/27/azul/noticia/ha-bacterias-alimentam-substancias-libertadas-plastico-2015108

Bactéria que come plástico ajuda na reciclagem - eCycle
https://www.uol.com.br/ecoa/ultimas-noticias/2023/04/14/bacterias-que-comem-plastico-podem-resolver-o-problema-do-lixo-no-planeta.htm?cmpid=copiaecola

Microrganismos são alternativa sustentável para recuperação de áreas contaminadas - (comciencia.br)

Estudo aponta que produção mundial de plástico aumentará 50% até 2025 | VEJA (abril.com.br)

A bactéria que “come” garrafas PET : Revista Pesquisa Fapesp

Há bactérias que se alimentam de substâncias libertadas pelo plástico | Poluição | PÚBLICO (publico.pt)

Bactérias que comem plástico podem resolver o problema do lixo no planeta? - 14/04/2023 - UOL ECOA

 

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