Nos últimos anos, novas modalidades de motores em nossos carros e demais veículos surgiram e ganharam espaço frente aos tradicionais motores à combustão, os quais utilizam combustíveis fósseis como fonte de energia. O questionamento a ser feito não se trata da mudança da atual fonte energética, e sim quando isso irá acontecer.

Ao que tudo indica, essa mudança ocorrerá num período muito breve.

Várias cidades e países pelo mundo já instauraram leis e decretos proibindo a fabricação e circulação de veículos à combustão dentro de alguns anos. Montadoras passaram a oferecer modelos de carros híbridos e outros totalmente elétricos, algumas tendo adotado 100% da fabricação de veículos com motores eletrificados, como no caso da CAOA Chery no Brasil. Mas diante desse novo cenário, fica a pergunta: qual a melhor opção considerando carros totalmente elétricos, híbridos ou movidos a etanol?

A grande questão da sustentabilidade, nesse caso, é dividida em três grandes pontos:

1. a matriz energética de onde o veículo irá retirar e consumir a energia;
2. se a energia em questão é renovável ou não;
3. o processo produtivo do veículo.

Os carros híbridos podem ser considerados como um ponto intermediário de um veículo a combustão tradicional a um 100% elétrico. Geralmente, estão associados ao uso de um motor tradicional com um motor elétrico que recupera a energia de frenagens ao longo dos trajetos. Esse tipo de modelo se assemelha muito aos tradicionais, os quais usam combustíveis não renováveis como o diesel e a gasolina sendo, nesse caso, o menos sustentável dos três.

Para carros 100% elétricos, aqueles carregados por meio de eletricidade, a matriz energética do país deve ser analisada. Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), 83% da eletricidade gerada no Brasil vem de fontes renováveis, seja ela hidrelétrica, solar, eólica ou de biomassa, e se posiciona muito acima da média global. Dessa forma, a geração elétrica brasileira pode ser considerada uma das mais limpas do mundo, favorecendo o uso dos carros elétricos.

Já para veículos movidos exclusivamente a etanol, é necessário entender qual a sua emissão de carbono. A queima de 1 litro de etanol emite 1,45 kg de CO2 (dióxido de carbono), 0,38g de CH4 (metano) e 0,01g de N2O (óxido nitroso). Entretanto, o CO2 emitido pelo etanol faz parte do ciclo natural do carbono, ou seja, o gás gerado é capturado da atmosfera durante o crescimento da cana utilizada para produzir o combustível e, portanto, não gera impactos relacionados às mudanças climáticas.

Considerando apenas a fonte de energia a ser utilizada, o veículo movido a etanol é a melhor opção, pois pode ser considerada como uma tecnologia barata, amplamente utilizada, praticamente neutra na emissão de gases de efeito estufa e com uma grande autonomia para viagens.

Considerando o modo de produção dos carros, uma das principais diferenças entre as tecnologias é a presença de baterias mais robustas como forma de armazenar a eletricidade responsável por colocar o carro em movimento. Essas baterias necessitam de minérios que podem impactar o meio ambiente de diversas formas caso não sejam extraídos corretamente. Além disso, ainda há o problema em relação ao descarte das baterias ao final de sua vida útil.

Mesmo que o futuro da mobilidade aponte para o uso de carros elétricos, não podemos renunciar à utilização do etanol, um combustível de fonte renovável, benéfico ao meio ambiente por ser neutro na emissão de carbono. As três diferentes tecnologias são importantes para uma transição energética de baixo carbono e provavelmente irão coexistir: o carro híbrido como um trampolim para a eletrificação dos carros e o uso do etanol como uma alternativa barata e de larga escala.

https://www.epe.gov.br/pt/abcdenergia/matriz-energetica-e-eletrica

https://motor1.uol.com.br/features/581894/coluna-hibridos-flex-relevancia-etanol/

https://veja.abril.com.br/agenda-verde/por-que-as-montadores-nacionais-fazem-aposta-nos-hibridos-a-etanol/

https://revistapesquisa.fapesp.br/a-ascensao-dos-eletricos/