Eventos climáticos extremos: como as cidades precisarão ser resilientes
19 / 08 / 2022 Fique por DentroAs mudanças climáticas já fazem parte do nosso cotidiano e cada vez mais estamos habituados a ouvir sobre os termos “aquecimento global”, “emissão de carbono”, “compensação de gases de efeito estufa” entre outros relacionados. Inicialmente, os temas estavam ligados à sustentabilidade ou áreas de ESG de empresas e órgãos públicos, mas, dia após dia, vemos que esta é uma realidade a qual vem afetando diretamente as nossas vidas.
Ondas de calor superiores a 40°C na Europa, chuvas torrenciais e deslizamentos de terra na região Sudeste, enchentes no Nordeste, grandes secas em São Paulo: todos são fenômenos ligados às mudanças climáticas. E estes eventos climáticos extremos, que estão cada vez mais frequentes, causam enorme impacto nas vidas e cidades em que moramos.
Com o aumento de eventos de extremos climáticos, o abastecimento de água pode ser suspenso, rodovias, pontes e casas podem ser levadas com a força das águas e vidas podem ficar em risco por conta de grandes ondas de calor. Conforme dados da consultoria Vivid Economics, somente nos Estados Unidos, há uma projeção de que a perda de produtividade dos trabalhadores chegue a 200 bilhões de dólares até 2030, somente pelo estresse térmico do calor intenso. Dados da ONU, publicados em 2022, estimam que a perda de produtividade média para trabalhadores urbanos será de 20% até 2050, por conta do calor.
Esse é um tema que afeta a todos e há algum tempo vem sendo discutido por governos e empresas. Somente nos últimos anos, foram investidos mais de 380 bilhões de dólares ao redor do mundo para o desenvolvimento de cidades resilientes ao clima. O que, inicialmente, parece uma grande fortuna, é, na realidade, apenas 10% do necessário para que as cidades estejam realmente preparadas para eventos climáticos extremos.
Veja as principais formas de que as cidades possam se preparar para amenizar os efeitos climáticos extremos:
- Aumento de cobertura verde: Uma das formas mais eficientes para controle da temperatura urbana e regulação do microclima é o aumento da área verde, com o plantio de árvores e manutenção de áreas verdes. Além de ser barato, não exige grandes intervenções arquitetônicas nos poucos espaços disponíveis. A diferença de um ambiente arborizado para um sem árvores pode chegar a 12°C.
- Planejamento urbano em áreas de risco: O crescimento urbano desordenado é uma das principais causas de desastres ambientais. Um bom planejamento urbano em áreas de risco, como topos de morro ou áreas íngremes deve ser bem executado. Nas áreas já consolidadas, é importante que haja um sistema de monitoramento de chuvas, ventos e temporais e que as rotas de fuga e procedimentos de alerta sejam amplamente divulgadas aos moradores.
- Escoamento de águas pluviais: O correto escoamento de águas de chuva é um ponto crítico para o enfrentamento aos eventos climáticos extremos. Solos impermeabilizados, concretados e asfaltados impedem que a água penetre no solo e alivie em períodos de grandes chuvas. O solo deve funcionar como uma esponja, retendo a água em períodos de chuva e a liberando em períodos de seca. Caso as vias urbanas sejam na sua maioria impermeáveis, é importante que o direcionamento das águas ocorra de forma a privilegiar a bacia hidrográfica e córregos locais.
- Conforto térmico nas casas: Uma das grandes dificuldades de implementar mudanças urbanas é a complexidade de intervenções civis e a morosidade dos processos, sendo muito comum que essa alternativa seja minimamente adotada. Nesse caso, uma das melhores saídas é trabalhar o conforto térmico das moradias, seja com a instalação de aparelhos de ar-condicionado, construções que privilegiem o fluxo de ar e uso de materiais isolantes de calor.