A primeira associação para a degradação do solo é pelo uso excessivo pelas atividades da agropecuária, que acarreta erosão, compactação excessiva do solo e exposição a poluentes. A cada ano cerca de 12 milhões de hectares de terras agrícolas são degradados a ponto de serem inutilizados, conforme dados da ONU.

Entretanto outros fatores são responsáveis pela degradação dos solos, é o descarte incorreto de resíduos. Conforme dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública, em 2022, foram gerados mais de 81 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos no Brasil. Sendo que desse total, 93% foi coletado pelos serviços municipais, mas 5 milhões de toneladas de resíduos sólidos não foram coletados e descartados diretamente no meio ambiente.

Porém nem todo o resíduo coletado recebe o tratamento adequado, 39,5% dos resíduos coletados são descartados de forma incorreta. São mais de 30 milhões de toneladas destinadas a lixões a céu aberto, gerando contaminação do ar, da água e do solo.

Mas como ocorre a contaminação do solo pelo descarte de resíduos?

O processo de disposição final inadequada do lixo gera uma série de consequências negativas ao meio ambiente, entre elas a contaminação do solo. Principalmente pela decomposição dos resíduos em contato com o solo e com as condições climáticas naturais (chuva, calor, frio, vento), todos esses elementos geram a degradação dos resíduos, liberação de substâncias contaminantes e a produção de um líquido escuro e altamente poluente, o chorume.

O chorume é um elemento altamente contaminante do solo, possui pH ácido e é responsável pelo desequilíbrio ambiental da microbiota do solo, a vegetação ao redor do descarte incorreto de lixo pode ser destruída devida à alta demanda biológica de oxigênio (DBO) dos processos de decomposição dos resíduos e geração do chorume.  

Além disso o descarte de resíduos pode gerar plumas de contaminação do solo com metais pesados como chumbo, mercúrio, cobre, arsênio e cromo. São metais pesados que são utilizados em processos industriais e no tratamento de metais e vão se acumulando na cadeia ecológica, não são eliminados e as altas concentrações desses metais nas águas e no solo são fatores que podem desencadear doenças neurológicas, deficiência de memória e estão ligadas a casos de Alzheimer e Parkinson.

O chorume pode ser formado pelo descarte incorreto dos resíduos diretamente no meio ambiente e exposição às intempéries e também pelo mau funcionamento dos aterros sanitários, seja na fase de uso ou após o encerramento das atividades dos aterros. A melhor forma de evitar a degradação do solo pelo descarte de lixo é o poder público investir em coleta dos resíduos sólidos urbanos, destinação final adequada do lixo em aterros sanitários controlados e manutenção dos aterros encerrados para garantir o tratamento e destinação correta do chorume gerado, mesmo após não haver mais disposição de resíduos sólidos urbanos.

Referências: 

https://www.terra.com.br/noticias/os-cinco-maiores-problemas-ambientais-do-mundo-e-suas-solucoes,3584170ed3854f6cbad6bde77b400d9dy4rqusvc.html

https://marcaambiental.com.br/descarte-incorreto-de-residuos-gera-impactos-negativos-no-solo/#:~:text=Segundo%20Mirela%20Souto%2C%20%E2%80%9Cos%20impactos%20gerados%20pelo%20descarte,destaca%20a%20gestora%20de%20comunica%C3%A7%C3%A3o%20da%20Marca%20Ambiental

https://abrelpe.org.br/download-panorama-2022/

https://repositorio.ufpb.br/jspui/bitstream/123456789/16762/1/Arquivototal.pdf

https://horizonteambiental.com.br/contaminacao-do-solo-por-chorume/

http://redeglobo.globo.com/globoecologia/noticia/2011/12/tratamento-de-chorume-evita-contaminacao-do-solo-e-da-agua.html

https://bv.fapesp.br/pt/assunto/2487/poluicao-ambiental/