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Preservar ecossistemas é mais barato que recuperar áreas degradadas

15 / 08 / 2023 Fique por Dentro

Você já se perguntou qual o valor de uma floresta em pé? Em um primeiro momento podemos pensar que o valor único de um ecossistema está nos produtos que pode fornecer, como madeira para a fabricação de móveis ou lenha para a produção de carvão. Entretanto, o valor dos ecossistemas vai muito além das árvores e do dossel de folhas verdes que podemos ver a quilômetros de distância.

Por outro lado, os países enfrentam uma grave crise climática e riscos de perda de biodiversidade, que podem ser amenizados ou parcialmente resolvidos com a recuperação de áreas degradadas. A manutenção das florestas pode ocorrer concomitante com a restauração de ecossistemas degradados, mas esse processo é lento e gradual. A melhor floresta que temos é a que já está em pé e contribui com os serviços ambientais. Ao longo deste texto iremos entender os ganhos ambientais e os custos econômicos da recuperação de áreas e a preservação de ecossistemas primários.

No primeiro semestre de 2023, o Banco Mundial publicou um estudo chamado Equilíbrio Delicado para a Amazônia Legal Brasileira: Um Memorando Econômico, o relatório joga uma luz sobre a valoração da preservação dos ecossistemas, em especial da maior floresta tropical do mundo e os números são tão grandiosos quanto a biodiversidade amazônica. Considerando apenas o território brasileiro, a floresta preservada vale, pelo menos, 317 bilhões de dólares ao ano. 

Cerca de 210 bilhões de dólares são relacionados ao estoque e captura de carbono pela floresta, considerando que cada hectare de floresta estoca no mínimo 500 toneladas de carbono no solo e nas árvores. A preservação da biodiversidade responde por 65 bilhões de dólares ao ano, esse valor foi calculado a partir da importância que as pessoas de vários países dão à conservação de animais e plantas. Na sequência aparecem os serviços ambientais ofertados pela floresta, como regulação do clima, regulação hídrica na América do Sul e a proteção contra incêndios. Os recursos genéticos da floresta com possíveis aplicações farmacêuticas respondem por 10 bilhões de dólares e o uso de recursos não madeireiros como borracha, sementes, frutas, essências e outros representam quase 9 bilhões de dólares.

Um estudo conduzido a pedido da ONU e publicado na revista Nature, uma das mais renomadas revistas científicas do mundo, analisou dados de vários países do mundo e demonstrou que mais de 2,87 bilhões de hectares de ecossistemas foram convertidos em áreas agrícolas, somente no Brasil são mais de 200 milhões de hectares passíveis de recuperação. Os dados demonstram que a humanidade pode recuperar até 55% das áreas degradadas sem comprometer a produção agrícola, pelo contrário, os pesquisadores afirmam que restaurar as áreas degradadas irá beneficiar a agricultura e pecuária, com regimes mais regulares de chuva, controle climático e aumento no número de polinizadores naturais. 

Se forem restauradas apenas 30% das áreas prioritárias, é possível evitar mais de 70% das extinções de animais e absorver quase metade do carbono acumulado na atmosfera desde a Revolução Industrial.  No Brasil aparecem como prioritários os biomas Mata Atlântica, Cerrado e Floresta Amazônica. Um estudo da Fundação Getúlio Vargas mostrou que quase 19% do território brasileiro é composto por pastagens, desse total, 52% apresentam algum grau de degradação e por isso são preteridos ou subaproveitados na pecuária brasileira. Dados demonstram que a restauração dessas paisagens degradadas custaria 383 bilhões de reais. 

O custo de recuperação de um hectare de área degradada na Amazônia é superior a 1.900 reais, já a mesma área de floresta amazônica presta serviços ambientais na casa dos 3.500 reais por ano, em comparação, para a pecuária o rendimento é de no máximo 100 reais e para a agricultura a renda máxima anual é de 1000 reais.

Ambas as frentes de conservação são extremamente importantes, a recuperação de áreas degradadas possui um grande potencial de sequestro de carbono e uma grande oportunidade para diminuir o impacto em áreas com desmatadas e a conservação florestal presta uma gama de serviços ambientais por ano, além de poder gerar renda passiva com seus ativos florestais não madeireiros, se explorados de forma sustentável.

 

Referências:

Restaurar paisagem em áreas prioritárias pode evitar 71% das extinções e mitigar crise climática | National Geographic (nationalgeographicbrasil.com)

Restaurar 30% das áreas degradadas do planeta pode salvar 71% das espécies em extinção | Super (abril.com.br)

Amazônia em pé vale sete vezes mais que exploração ilimitada (opovo.com.br)

Floresta pode valer o dobro que fazenda aberta para agropecuária | Florestas | Valor Econômico (globo.com)

Recuperação de pastagens degradadas custaria R$ 383 bilhões, revela Observatório de Bioeconomia | Portal FGV

O valor da Amazônia - Jornal O Globo

 

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