Quando o assunto é descarte e reciclagem de plástico, vidro, papel, metais e resíduos orgânicos, é fácil buscarmos informações e conhecimento sobre como realizar a correta separação desses materiais e o tratamento ou reciclagem após o descarte. 

Mas você já se questionou como descartar ou reaproveitar resíduos têxteis? Onde devemos realizar o descarte? Se são materiais recicláveis ou não? Como podemos reaproveitar? O que fazer com roupas e uniformes que não podem mais ser utilizados?

Essa é uma preocupação crescente na comunidade científica, na indústria têxtil e começa a entrar na pauta dos consumidores.  A indústria têxtil é a segunda mais poluente do mundo, atrás apenas da petrolífera.  Segundo a ONG Internacional Global Fashion, nos últimos anos foram mais de 90 milhões de toneladas de resíduos têxteis descartados. Até 2030 esse número deve chegar a mais de 140 milhões de toneladas.

Somente no Brasil são descartados mais de 4 milhões de toneladas de resíduos têxteis por ano, os dados são da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). Outro estudo, realizado pela Fundação Getúlio Vargas juntamente com o Instituto Modefica, publicado em 2021, trouxe dados chocantes sobre a produção de malhas no Brasil, anualmente são fabricados cerca de 9 bilhões de peças de roupa, mais de 40 unidades por habitante.

Além do problema do descarte dos resíduos, a indústria de roupas é uma das principais responsáveis pela emissão de gases de efeito estufa, respondendo por cerca de 10% das emissões globais de carbono. Cada quilo de tecido produzido emite, em média, de 20 a 23 kg de gás carbônico. O uso de água no processo de fabricação e tingimento de roupas e tecidos é outro fator agravante para a indústria têxtil, anualmente são consumidos cerca de 93 trilhões de litros de água, o que significa 4% da captação mundial de água doce por ano.

A grande questão é como evitar que roupas e uniformes sem condições de uso sejam descartados e parem em aterro sanitários?

• Confecção de produtos: consiste na retirada dos aviamentos como bolsos, botões, zíper, logos e elásticos para o reaproveitamento do tecido. O tecido descaracterizado pode ser usado para a confecção de brindes como estojos, bolsas, sacolas, necessaires e outros produtos que a criatividade permitir. 

• Coprocessamento: é uma alternativa para o descarte dos resíduos inservíveis em aterros sanitários. Os resíduos são encaminhados para a queima em fornos, geralmente para a produção de cimentos, e usados como fonte de energia para processos produtivos que precisam de altas temperaturas em algum momento do processo produtivo.

• Logística reversa: os uniformes sem condições de uso são encaminhados para parceiros que trituram e desfibram o tecido para ser recosturado posteriormente e transformado em novos produtos e tecidos. Uma das iniciativas mais conhecidas é o Retalhar, que já fez a logística reversa de mais de 861.000 pelas de uniforme e evitou que 274 toneladas de resíduos têxteis fossem enviadas para aterro. A iniciativa já atendeu grandes marcas como a companhia aérea Latam e a empresa de correspondências FedEX, além de concessionárias de rodovias.

Referências:

Iniciativa ajuda a ampliar sustentabilidade na indústria têxtil | Jovem Pan

Como descartar uniformes usados: aprenda como fazer corretamente (w3uniformes.com.br)

Reciclagem de uniformes gera produtos sustentáveis – Jornal da USP

Iniciativa transforma uniformes usados em cobertores para moradores de rua em SP | CNN Brasil

Meia velha, lingerie usada, roupa antiga: saiba onde descartar corretamente em São Paulo | Exame

Brasil descarta mais de 4 milhões de toneladas de resíduos têxteis por ano | CNN Brasil

Retalhar – Logística reversa consciente