Conforme os anos passam, aumenta o volume de plásticos que são descartados no meio ambiente. Anualmente cerca de 350 milhões de toneladas de plásticos viram resíduos e agravam o problema de contaminação ambiental, pois esses materiais não se degradam.

Após anos expostos às condições climáticas, frio, chuva, vento, aterramento e severidades climáticas extremas, os plásticos apenas diminuem de tamanho, os seus pedaços fragmentam ano a ano até serem quase imperceptíveis a olho nu, mas ainda estão lá: são os microplásticos são partículas com menos de 5 milímetros.

E esses materiais estão em todos os lugares possíveis, desde organismos de animais marinhos e terrestres até os locais mais extremos da terra como no cume do monte Everest e no fundo da Fossa das Marianas. Recentes pesquisas identificaram microplásticos até mesmo no leite materno.

De olho nessa fonte de poluição, a Comissão Europeia foi o primeiro bloco econômico a adotar uma proibição aos microplásticos e derivados. Está valendo a partir de outubro de 2023 a proibição ao comércio e fabricação de glitter plástico e outras partículas menores que 5mm, que são insolúveis e de difícil degradação.

Embora a restrição seja imediata para glitter de plástico e produtos que contenha microesferas de plástico, outros produtos terão um período de transição de até 12 anos, considerando o seu grau de complexidade, alternativas e disponibilidade de outras fontes.

Estima-se que a união Europeia libere 42 mil toneladas de microplásticos anualmente apenas no formato de microesferas, como o glitter e derivados. Tanto o glitter quanto os produtos que contenham a purpurina estão com os dias contados no velho continente, como produtos de beleza, higiene, cosméticos e esfoliantes.

O objetivo da nova regulamentação é reduzir em 30% os resíduos de microplásticos até 2030 e zerar a liberação desses resíduos até 2050, transformando a Europa no primeiro continente de impacto ambiental zero até 2050. As regras aplicam-se para produtos fabricados e vendidos nos países do bloco europeu, dessa forma a fiscalização sobre produtos importados tende a ficar mais rígida.

Trata-se de uma decisão alinhada ao European Green Deal, cujas metas englobam tornar a Europa o primeiro continente de impacto ambiental neutro até 2050.

Ainda que seja conhecido o potencial poluidor dos plásticos e seus derivados e o impacto que causa no meio ambiente, principalmente na fauna marinha e na poluição hídrica, ainda é desconhecido da ciência os efeitos adversos da exposição humana aos microplásticos ao longo de décadas. Há poucos anos ainda não conhecíamos o que eram os microplásticos e apenas há pouco tempo começaram os estudos sobre o tema, entretanto, estudos demonstram que testes de laboratório, os microplásticos demonstraram causar danos às células humanas, incluindo reações alérgicas e morte celular. Mas até o momento não existem dados sobre estudos epidemiológicos que considere a exposição humana aos microplásticos e sua conexão com doenças.

A proibição de produtos como glitter e outros que contenham microplásticos é um primeiro passo no processo de eliminação do impacto ambiental causado pelos plásticos. Os microplásticos representam apenas 1% de todo o plástico no ambiente e ainda há um grande caminho a ser percorrido até a completa neutralidade de impacto ambiental proposto pelo continente e seus países.

Referências: 

Microplásticos estão em nossos corpos. Quanto eles nos prejudicam? | National Geographic (nationalgeographicbrasil.com)

Adeus, glitter: Europa bane venda de produtos com microplásticos (uol.com.br)

União Europeia bane o uso do glitter; entenda | Consumo Consciente | Um só Planeta (globo.com)

União Europeia proíbe venda de microplásticos nos seus países (olhardigital.com.br)

Entenda a lei europeia que proíbe a importação de produtos ligados ao desmatamento | CNN Brasil