Em um cenário recente estamos sendo bombardeados quase que diariamente por notícias e anúncios de carros elétricos. Atualmente o preço de um carro elétrico é muito próximo de um carro a combustão tradicional no Brasil, mesmo sem incentivos fiscais como em alguns países europeus.

O crescimento da comercialização de carros com essa tecnologia é notável, em 2010 o estoque de carros elétricos era pouco superior a 10 mil unidades, em 2020 o número era de mais de 11 milhões de unidades nas ruas, principalmente nas cidades da Europa, China e Estados Unidos. E esses números tendem a aumentar exponencialmente, somente em 2021 foram comercializados quase 7 milhões de veículos elétricos ou 8,3% da produção total mundial. No Brasil a onda do momento é a venda de carros eletrificados (100% elétricos ou híbridos), até o novembro de 2023 foram vendidos 77.648 exemplares de carros eletrificados, um aumento de 57% se comparado com o mesmo período de 2022.

O motor elétrico apresenta grandes vantagens se comparado ao motor a combustão, movido a gasolina ou diesel, e de potência similar. Podemos citar os principais pontos positivos:

· maior taxa de conversão da energia “do tanque às rodas”;

· o torque máximo é disponível desde a imobilidade, e sua disponibilidade ocorre de forma instantânea;

· menor custo e menos necessidade de manutenção;

· ausência de ruídos significativos e de emissões gasosas na operação;

 · maior potência em uma unidade geradora pequena.

E considerando a eletrificação das frotas, as baterias de lítio são as que despontam como as mais utilizadas para o armazenamento de elétrons e movimentar os motores elétricos. Tão importante quanto a capacidade de armazenamento da energia, é fundamental que as fontes de energia sejam renováveis e de baixo impacto ambiental, como eólica, solar, biomassa e hidrelétricas.

Entretanto ainda pairam desafios sobre a transição para uma mobilidade totalmente elétrica, principalmente pelas características e limitações das baterias de lítio.

O lítio é um elemento químico muito pequeno, sendo o terceiro menor na natureza, o que significa que podemos colocar muitos átomos dele em um pequeno espaço, mas a bateria de lítio necessita de outros metais para desempenhar as suas funções, como níquel, cobalto e manganês. Isso agrega peso indesejado às baterias dos automóveis, que sofrem com o peso excessivo para armazenar sua energia e são limitadas em alcance.

Atualmente os carros comerciais com baterias de lítio possuem uma autonomia estimada entre 500 e 300 km e necessitam de pontos de carregamento adaptado. Os carros podem ser carregados em tomadas normais, mas o tempo de recarga demora várias horas, o que inviabiliza ou pelo menos limita o seu uso para grandes deslocamentos.

Outro fator importante nas baterias de lítio é que ainda são o principal custo dos carros elétricos, sendo responsáveis por cerca de 40% do valor final de venda dos veículos, mesmo com a queda no preço das baterias despencando 87% de 2010 a 2019, conforme estudo da Bloomberg New Energy. O descarte das baterias de lítio é um fator complicador para o seu uso pela presença de metais pesados e pelo valor alto para a recuperação dos seus componentes.

No momento em que estamos vivendo uma briga pela eletrificação das frotas, as baterias de lítio ainda são as mais utilizadas, mas novas tecnologias são apontadas como alternativas em uma nova geração de carros, uma delas é o uso de células de hidrogênio, que também apresenta seus desafios, embora seja menos poluente.

Ainda estamos longe de ver o lítio ser riscado na lista de itens importantes na transição energética do setor de mobilidade, mas ele parece estar direcionado para veículos segmentados ou que não necessitem de grande autonomia, sendo esse o grande desafio do setor: dar autonomia aos veículos elétricos com a mesma facilidade de reabastecimento que um veículo a combustão.

Referências:

Textos para Discussão nº 308, de 2022: Eletrificação Veicular: definições, tendências, e possíveis impactos na indústria automotiva nacional (senado.leg.br)

Procura por metais para baterias gera problema aos carros elétricos | Automotive Business

O que acontece com as baterias de íon-lítio no fim de sua vida útil? | Cummins Inc.

Aquilo que ninguém conta sobre os carros elétricos (uol.com.br)

Lítio, hidrogênio e a eletrificação da frota (epbr.com.br)

Vendas de carros elétricos têm alta de 340% em novembro; Dolphin dispara (globo.com)

Os 10 carros elétricos com maior autonomia, segundo o Inmetro | Exame