Seja por comodidade ou por necessidade, hoje em dia temos opções variadas quando falamos sobre meios de transporte. Diferente de décadas atrás, quando ficávamos limitados aos carros próprios ou a poucas linhas de ônibus, atualmente a mobilidade urbana é tema de debate central quando falamos em mudanças climáticas, pois precisamos incentivar o uso de transportes coletivos. Além disso, quando debatemos sobre planejamento urbano e mobilidade, as cidades precisam dar vazão ao contingente de passageiros que se deslocam diariamente e o uso individual de carros é preterido ante o uso de plataformas alternativas e menos poluentes, como transporte por aplicativos, ônibus e trens.

Quando falamos de poluição, o setor de transporte e mobilidade é responsável por 25% das emissões globais de gases de efeito estufa e outros poluentes atmosféricos, que podem ter efeitos locais na saúde das pessoas.

Uma pesquisa realizada em 2019, intitulada de “Viver em São Paulo: Mobilidade Urbana”, na cidade de São Paulo, mostrou que o meio de transporte mais utilizado era o ônibus (47% dos passageiros), seguido pelo uso de carro particular (20%), metrô (12%), pessoas que andam a pé (6%), e os demais são divididos por pessoas que rodam de trens, motocicletas, aplicativos e outros. O meio de transporte preferido é de longe o carro próprio, com 72% da preferência dos habitantes de São Paulo, mas isso nem sempre resulta em tempo menor de deslocamento e menor impacto ambiental.

Desafio dos 100 km

Para estimar qual o meio de transporte menos poluente entre aplicativo, trem e ônibus urbano, vamos propor um desafio: Qual modal emite menos poluentes para rodar os mesmos 100 km, sem considerar tempo e trânsito envolvido. Todos os cálculos e parâmetros serão de acordo com o Programa Brasileiro GHG Protocol, metodologia padrão para cálculos de emissão de carbono no Brasil.

• Trem - considerando um trem urbano, percorrendo 100 km de distância sem interrupções, esse trajeto emite 420 kg de gás carbônico. Se estimarmos que um trem transporta 250 passageiros, a emissão por pessoa para percorrer esse trecho seria de 1,68 kg.
• Aplicativo - para essa conta, consideramos um carro com um ano de uso, que roda na gasolina e consumo de 12,2 km/L, conforme parâmetros do GHG Protocol. Esse trajeto de 100 km emite cerca de 13,2 kg de gás carbônico, estimando que a emissão será de 13,2 kg por passageiro em caso de corrida com apenas um passageiro.
• Ônibus - estimando um número de 40 passageiros para um ônibus municipal, a emissão de gás carbônico após 100 km percorridos é de 450 kg. Cada passageiro emite cerca de 11,25 kg de gás carbônico nesse trajeto.

Levando-se em conta os três meios de transportes citados, o menos poluente é o trem, por levar muitos passageiros ao mesmo tempo. Já o carro de aplicativo tem uma emissão pequena, mas, por levar poucos passageiros, é o mais poluente, emitindo quase 8 vezes mais gases de efeito estufa que o trem. Já o ônibus, por usar o combustível mais poluente, o diesel, possui um fator de emissão alto por passageiro, mais de 11 kg de carbono por passageiro nesse trecho, o que reforça a necessidade de incentivarmos o uso de transportes coletivos e menos poluentes.

https://summitmobilidade.estadao.com.br/guia-do-transporte-urbano/os-meios-de-transporte-mais-utilizados-em-sao-paulo/

https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2018-12/efeito-estufa-transporte-responde-por-25-das-emissoes-globais

https://eaesp.fgv.br/centros/centro-estudos-sustentabilidade/projetos/programa-brasileiro-ghg-protocol