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Contaminação ambiental associada a enchentes e ciclones

24 / 10 / 2023 A Eco Response

Nas últimas semanas estamos sendo constantemente atualizados sobre extremos climáticos no Sul e no Norte do Brasil. Os estados do Norte enfrentam uma das maiores secas da história, com nível dos rios baixando e causando sérios problemas para as populações locais, já no Sul o cenário é completamente diferente, são meses de muita chuva, com episódios de volumes torrenciais em poucos dias, volumes de chuva esperado em meses e que caem em poucas horas ou dias.

Tal cenário é influenciado pelo fenômeno El Niño, o aquecimento das águas do Oceano Pacífico, associado às mudanças climáticas em curso. Nos estados da região Sul, Rio Grande do Sul e Santa Catarina as últimas semanas foram de altos volumes pluviométricos e destruição de casas, lavouras, cidades inteiras foram devastadas pela força das águas dos rios. Esses extremos climáticos são associados à formação de ciclones extratropicais na costa do Sul do Brasil e Uruguai, cada vez mais comuns pelo cenário de mudanças climáticas que vivemos.

Em setembro as chuvaradas deixaram um rastro de estragos nas cidades gaúchas e agora em outubro o cenário se repete no estado vizinho, Santa Catarina. São centenas de cidades atingidas, milhares de pessoas que perderam suas casas, negócios, carros e plantações, além das perdas imateriais.

O primeiro cenário após as águas baixarem é o de lodo, entulho e vegetação por todos os lados, que necessitam ser recolhidos e encaminhados para tratamento ou destinação final e possibilitar os trabalhos de reconstrução. Mas um cenário pouco percebido nessas situações tão extremas, que tende a ficar mais comum com o andar dos anos é a contaminação e passivo ambiental gerado por enchentes, ciclones e tempestades.

Os principais danos e contaminações ambientais estão relacionadas aos estragos que as enxurradas fazem e dos materiais que são carregados pelo alto volume das águas. Foi o que apontou um estudo realizado pela Universidade Federal do Maranhão, que analisou a água de rios de Minas Gerais após um período de chuvas e alta vazão dos rios mineiros em 2022.  A análise dos pesquisadores demonstrou altas concentrações de ferro, manganês e estanho em todas as amostras e arsênio, chumbo e zinco em parte delas. Essas substâncias são comuns em rejeitos do beneficiamento de minério e em excesso podem causar danos à saúde como alergias, problemas de pele, respiratórios e se acumular no organismo ao longo dos anos.

Outro problema comum é o carreamento de substâncias perigosas. No mês de setembro, na cidade de Roca Sales/RS, a enchente levou mais de 5.600 kg de um fluido térmico, um composto químico com o uso em sistemas de aquecimento, o produto pode ser confundido com óleo e pode causar lesões na pele e ser fatal se ingerido ou entrar em contato com as vias respiratórias de humanos ou animais.

Os resíduos sólidos gerados em uma inundação, geralmente, são caracterizados por restos de árvores e resíduos vegetais, sedimentos, solo, rochas, resíduos domiciliares perigosos (óleos, pesticidas etc.), resíduos da construção civil e demolição, produtos químicos industriais e tóxicos, resíduos recicláveis (plásticos, metais etc.), resíduos eletrônicos e eletrodomésticos. A destinação dos resíduos coletados nas enchentes sempre deve considerar o cenário mais poluente, sendo na sua maioria impossível qualquer forma de segregação, reciclagem ou reaproveitamento por conta da mistura dos resíduos com lodo e matéria orgânica e pelo desconhecimento da sua origem.

A indicação é a coleta dos resíduos de enchentes o mais breve possível e encaminhamento para aterro sanitário ou aterro de resíduos controlados, considerando a periculosidade dos agentes contaminantes, entretanto este não é um cenário comum em todos os eventos extremos. Muito comumente os resíduos e materiais contaminados são enterrados ou acumulados em locais inapropriados gerando contaminação ambiental e expondo pessoas e animais a doenças.

Entre 2000 e 2018, o Brasil foi atingido por 65 inundações, que representam cerca de 71% dos desastres naturais registrados nesse período. Recentemente um levantamento realizado pelo Ministério do Meio Ambiente demostrou 3.679 municípios brasileiros, ou seja, 66% de um total de 5.570, não estão preparados para enfrentar as mudanças climáticas e suas consequências ambientais. Do mesmo modo que os municípios devem ter políticas para redução das emissões de gases de efeito estufa, é necessário que haja um planejamento urbano robusto para enfrentamento e resiliência frente aos extremos climáticos como enchentes e ciclones que tendem a ficar mais comuns conforme a temperatura do planeta aumenta.

 

Referência:

Ministério diz que 66% dos municípios brasileiros não estão preparados para mudanças climáticas - Notícias - Portal da Câmara dos Deputados (camara.leg.br)

Chuvas em SC: 145 cidades foram afetadas e duas mortes são confirmadas (scc10.com.br)

Começa trabalho de limpeza da lama após enchente nas ilhas de Porto Alegre (correiodopovo.com.br)

Empresa Quisvi de Roca Sales busca tambores de produto químico perigoso levados por enchente | Rádio Studio 87.7 FM | Studio TV

Inundações na China levam produto químico explosivo a rio (globo.com)

MG: Após enchentes, estudo encontra elementos tóxicos em | Cidades (brasildefatomg.com.br)

Que lama é essa? - Rede de Monitoramento Geoparticipativo | EduMiTe

Chega a 100 o número de cidades atingidas pelo ciclone do RS | Rio Grande do Sul | G1 (globo.com)

 

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